Vida em outros planetas e a política industrial
Eu me lembro da equação de Drake quando penso nas chances da política de picking winners dar certo no Brasil. Tal equação fornece o número de civilizações de ETs que podem entrar em contato com a gente. (O Carl Sagan a apresenta aqui.). A lógica é começar com o número de estrelas do Universo e então multiplicar pela fração que tem planetas, em seguida pela parcela das que tem planetas em que a vida pode surgir e assim por diante. O resultado depende de uns bons chutes, mas é um número muito pequeno.
Eu reconheço que existe a possibilidade teórica da política industrial de picking winners dar certo. Contudo, temos que multiplicar o número de empresas que - em tese - poderiam gerar benefícios para o país pelos seguintes termos:
Probabilidade de o setor público ter identificado corretamente o potencial vencedor;
Probabilidade de a empresa ser -de fato- a escolhida. (Muita coisa estranha pode acontecer entre o passo 1 e 2);
Probabilidade de os incentivos serem bem desenhados;
Probabilidade de os incentivos serem bem implementados;
Tudo mais tando certo, há que se considerar a probabilidade de nenhum lobby alterar os passos 1-4 durante a execução da política industrial.
O número de casos de sucesso será o resultado da multiplicação dessas probabilidades. Qualquer estimativa razoável resultará em um valor muito pequeno.
A possível compra da Delta pela JBS só me deixa ainda mais cético. Pelo visto, a equação de Drake Industrial deve resultar em um valor bem perto de zero.